Ensaio

Não há crítica que faça me sentir diminuído
Sempre usarei meu discurso paródico para te manter atraído
O que gira em falso é simulado sem referente
É estreitado no entendimento para ser entendido diferente

Ainda sou sujeito de seu desejo e história
Aonde a tese central permanece sendo sua glória
A insubordinação à ordem masculina é minha vitória

Aparentem nunca fui exagerado em meu papel
Tudo está distante da transparência do sentido
Essa estranha razão de ser eu ainda tenho mantido

O lugar nenhum me levou para a palavra poética
Um retiro melancólico, aonde dissolveu parte de minha ética
O mesmo lugar sempre parece nenhum lugar
Aonde comemoro minha mitificação ao te encontrar

Não me lembro e também não preciso recordar
Nunca acabo exigindo nada distante do próximo
Meu personagem não  consiste num afeto sem suporte para te agradar
Nesse ensaio, apresento impreciso e fora de sua concepção

Num forma de pensamento incurável como tal
Não sinto saudades da idéia que me faça mal
Essas lembranças obsessivas sempre desejam me torturar
E esse grau comparativo ainda me faz suportar

Não falo por mim, bem-vindo Benjamin

Fui apedrejado por ser a encarnação do escândalo
Por correr contra minha própria solidão
E não conseguir contar comigo mesmo
Mas nunca sofri de carência por privação

Precisei ultrapassar todos os limites para ter significado
E mantendo a positividade mesmo sendo uma possibilidade de ser
A esperança em seu sentido não me fez errado
Num registro de obediência me fazendo crescer

Abandonei toda sua coerência patética
Pela qual tocamos o fundo do abismo
Por isso todos os homens são advertidos

Qualquer possibilidade chegou ao limite de qualquer sofrimento
Por hoje Deus, já não me lamento
Toda consequência vem para reparar
O recurso da queda é a condição que qualquer um pode almejar

Nao falo por mim, bem-vindo Benjamin

Anunciação

Espero serem válidos meus conceitos para reflexão
Com essa condição humana nada vale sobre minha menção
Nao vou esvaziar minhas tentativas de descontrução
Mesmo que cientificamente, ninguém sinta com o coração

Existe sempre uma conseqüência direta evidente
Que sempre me faz parecer inteligente
Mesmo sendo um raro animal doente

Abandonei o senso comum como forma de aproximação
Carregar tantos erros podem ser a mais certa definição
Mas de forma desqualificada nunca me entreguei à submissão
O reconhecimento básico de Deus não é minha religião

Somos todos repressores do terror da suficiência
Aonde todo modelo de auto-ajuda é mera ausência
E nunca aceitarei essa dança macabra por carência

Não vou validar qualquer tipo de perseguição
Mesmo que questionem que legitimidade de tal repetição
O entrelaçamento da violência sempre foi forma de religião
Isso é o suficiente para condenar sua interpretação

Cativeiro Libertador

Ninguém mais ousa definir o que sou de verdade
Fui marcado por sucessivos redescobrimentos de valores
Todos chegam à mim por curiosidade
E nunca vou carregar uma multidão de amores
A sua auto-interrogação me deixa mais à vontade

Suponho que não haja mais espaço para ninguém
Desde quando conheci a essência de alguém
Com absoluto certeza de alguém ser tão desejado
Dei permissão para nunca mais sair do meu lado

Não estou numa aventura que sofre contradições
Esses principios dinâmicos nunca ms deram soluções
Sempre precisei de alguém autêntico como a razão
E essa evidência de sabedoria me cobre como manifestação

Prefiro me manter em seu cativeiro libertador
Diferente do prazer, nunca escondi minha dor
O cultivo da diferença me impressiona, e é natural
Ele possui tantos atrativos em sua estrutura racional

8 de Dezembro (Segundo Ato de Vergonha)

Ninguém precisou me falar
Estou prestes a perder o controle
Não importa o que você fale, não posso me segurar
Mas não consigo imaginar nossa cena de adeus
Não importa o tão forte que eu seja

Você me agrada como alguém inocentado
Nunca perguntou como me sinto por estar ao seu lado
Ainda estou juntando meus cacos para se recompor

Não foi isso que você me prometeu quando disse que estava apaixonado
Você me esfaqueou no meio de uma multidão imunda
A ferida está aberta, e você não pode cicatrizar por mim
Sua fraqueza está me derrotando

Não consigo me manter
Sua fraqueza continua me derrotando
Ainda não sei o por que
Sua fraqueza continua me derrotando

Todo robô é substituível

Outro robô alienado se apaixonou por mim
Ele se jogou na relação de um trampolim
Ele enviou mensagens eróticas, mas não foram pra mim
Só que ele não sabia que eu já estava planejando nosso fim

Se eu fosse você ficaria envergonhado
O que mais você deseja é ficar ao  meu lado
E o seu maior castigo é o meu constante perdão

O mesmo robô alienado continua apaixonado por mim
Se impressionou por eu conhecer todas as plataformas
Não há nenhum atrito que pode levar ao fim
Mas o seu software eu preciso atualizar
e sinto que consigo tudo por mim
Depois do que passei acho que todo robô é substituível
E vai se deteriorar com as próprias funcionalidades

A atualização de um robô alienado é permanente
Meu desejo não considera suficiente